Fugindo
Estou cercado por todos os lados e isso me apavora de uma forma inexplicável. Recorri ao meu querido espaço aqui por poucos acessado para poder fugir um pouco da grande exposição a qual estou submetido em outros ares, bem mais lidos, mesmo que não por usuários largamente ativos, mas não menos bem-vindos.
Mas mesmo assim, eu preciso do meu espaço. Até para poder pensar comigo mesmo, ou com meus bons amigos que ainda se recordam desse blog, feito na rebarba da moda casuística a qual havia me rendido no início de 2010. Quero voltar a escrever, muito pela volta dessa pontualidade temporal pela qual me vejo envolvido novamente. Mas a razão principal ainda é a fuga. Eu preciso escrever, pelo simples prazer de escrever. Pela única sensação de transbordamento de idéias que enchem minha cabeça. Nem sempre de coisas saudáveis ou interessantes, mas enfim, a questão definitivamente não é essa com o "chobben".
Bom, eu estava, continuo e provavelmente continuarei me questionando hoje sobre várias opções da minha vida, em todos os sentidos. Conversando com um grande amigo, vimos o quanto nossa formação nos transformou em críticos profissionais, aquele cara chato que parece que tem seguidos orgasmos intelectuais ao visualizar um modo de interromper o argumento alheio e dizer "respeito sua opinião, mas existem outros fatores que são relevantes...". Ahhh, que felicidade de nunca simplificar coisa alguma. Que satisfação em mostrar para qualquer pessoa que posso desconstruir uma crença quase dogmática de uma vida inteira com apenas uma idéia diferente. Ver no rosto de alguém que algo que você disse o fez repensar algo... sim, eu sou formado em Relações Internacionais. Para que? Hm...
Talvez a pergunta aqui seja mais "por que", já que a primeira se refere a uma utilidade prática da coisa, o que confesso que ainda não encontrei. E isso, querendo ou não, por mais que eu entenda o tipo de formação que eu tive e consiga defender isso com unhas e dentes como algo válido a carreira de alguém, me incomoda profundamente. O que eu faço com isso? Coloquei-me já diversas vezes no lugar de um contratante... "Por que eu empregaria esse cara? O que ele de fato pode agregar aqui dentro?" Minha resposta normalmente envereda por frases sem conteúdo como "formação ampla garante percepções diferenciadas", mas com sinceridade eu responderia "é um inútil".
Sim, estou descrente. Fazer o que...
Mas voltando as situações que, hoje, depois de formado, consigo enxergar verdadeiramente com uma visão mais ampla, eu pareço um eterno insatisfeito. Mas não um infeliz, longe disso na verdade. A questão é que eu consigo hoje questionar qualquer aspecto da minha vida e encontrar pontos a serem melhorados. O problema é que por enquanto, eu só vejo o que está errado. Será que vou precisar de ajuda para encontrar as soluções?
Lembrei de uma citação de um dos professores da pós-graduação que estou fazendo.
- "Quando você vai ao médico, você quer saber porque está doente ou quer só o remédio?"
Eu obviamente discordei gravemente dessa pergunta, ao ponto de que acredito que as soluções sejam apenas completamente eficientes se estudadas e fundadas com uma base ampla do problema. O remédio só vai me curar completamente se ele estiver combatendo corretamente a fonte do problema. Sabe a "se o paciente estiver com suspeita de dengue, favor consultar um médico" para os analgésicos e antigripais da vida? Pois é, é isso. Vai fazer me sentir melhor? Talvez, mas na verdade estarei na merda. É isso.
Mas hoje eu estou um pouco cansado de ser o capaz de enxergar e analisar amplamente o problema. Eu estou cansado de ser o que entrega o estudo completo sobre o problema, compreendendo todas a gama de possibilidades que podem influenciar uma resposta eficiente. Eu quero dar a solução.
Hoje, eu só quero o remédio.